Historial de Carvalhosa

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CLASSIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS

 

IDENTIFICAÇÃO

  • Património Arquitectónico  X Património Arqueológico  Património Misto
  • Designação/Nome: Igreja Matriz de Carvalhosa
  • Outras Designações: Igreja Paroquial de Carvalhosa; Igreja de S. Romão de Carvalhosa .
  • Local/Endereço: Rua dos Geraldes de Regoufe, 4635-052 Banho e Carvalhosa.
  • Localidade: Carvalhosa.
  • Freguesia: Banho e Carvalhosa.
  • Concelho:  Marco de Canaveses.
  • Distrito: Porto.

 

CARACTERIZAÇÃO

  • Função Original: Religiosa (Culto)
  • Função Actual: Religiosa (Culto)
  • Enquadramento:
  • Descrição Geral: Igreja de planta longitudinal, de uma só nave. Fachada rebocada e pintada de branco, percorrida por soco em cantaria, flanqueada por cunhais apilastrados, sublinhados por pináculos, e rematada por empena, de molduras reentrantes, com frontão ondeado coroado por cruz latina sobre pedestal. Portal de arco regular com frontão entrecortado, encimado por janelão moldurado de verga curva. Adossada ao corpo principal da igreja, a torre sineira divide-se em três registos definidos por frisos e cornijas: o primeiro, com porta e janelão de linhas rectas, o do meio com um óculo e o último com quatro sineiras de volta perfeita, rematada por quatro pináculos, em forma de fogaréus, e cobertura piramidal.

Pavimento da nave em soalho, tecto em caixotões de madeira com elementos decorativos representando o do centro a figura de Jesus Cristo; paredes pintadas de branco percorridas por friso de azulejos policromados (branco, azul e amarelo). Numa das paredes (lado da Epístola), sobre mísula policromada, assenta uma imagem de Nossa Senhora da Piedade.

Coro alto, de balaustrada em madeira pintada de castanho. Do lado do Evangelho, púlpito de parapeito policromado, de base rectangular, assente em mísula; degraus em granito adossados à parede, com corrimão de balaustrada em madeira pintada de castanho.

Arco-triunfal de volta perfeita, assente em  capitéis dóricos, ladeado por dois altares colaterais, em talha pintada e dourada, dedicados ao Sagrado Coração de Jesus (lado da Epístola) e a Nossa Senhora da Conceição (lado do Evangelho).

Capela-mor de pavimento desnivelado, em soalho; tecto em caixotões de madeira com elementos decorativos, sendo o do centro alusivo à Eucaristia; paredes pintadas de branco, percorridas por friso de azulejos iguais aos da nave. O altar-mor, com trono piramidal de cinco elementos, donde se ergue (no segundo desses elementos) a imagem de Cristo Crucificado, apresenta três colunas com capitéis coríntios de ambos os lados; entre a primeira e a segunda colunas, sobre mísulas policromadas, assentam as imagens de Nossa Senhora de Fátima (lado da Epístola) e de S. Romão (lado do Evangelho).

CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICO-ARTÍSTICA

  • Época(s) construtiva(s): Século XVIII  (1779).
  • Síntese histórica: A paróquia Carvalhosa fez parte (até 24 de Outubro de 1855) do concelho de Santa Cruz de Riba Tâmega cuja sede era em Vila Meã. Essa situação remontava pelo menos ao século XIII já que a paróquia era citada como sendo desse concelho nas Inquirições de 1220 e 1258. A partir de 1855 passou para o concelho de Marco de Canaveses.Romão de Carvalhosa (que também se chamou S. Romão de Ermida) foi vigararia da apresentação do convento dominicano de S. Gonçalo de Amarante.

Antigas corografias diziam-na composta pelos seguintes lugares: Aldeia, Além Banho, Araújos, Bacelo, Boavista, Bouças, Bustelo, Calvário, Carvalho, Casa Nova, Casal de Midre, Cima de Vila, Cobreira, Igreja, Eido, Eiras, Ermida, Figueiras, Martinos, Nespereira, Outeirinho, Paço d’Além, Paço d’Aquém, Passal, Pia, Queimadela, Regoufe, Residência, Searas de Baixo, Searas de Cima, Tojal, Tremesinho, Vales e Vinhas. Do seu território faziam também parte as quintas da Bustelo, Paço, d’Além, Paço d’Aquém e Regoufe.

No foral que o rei D. Manuel I concedeu a Santa Cruz de Riba Tâmega, a 1 de Setembro de 1513, referem-se as obrigações a pagar nos termos que se seguem:

“Título de São Romão de Ermida”

“Item Diogo Eanes traz um casal do mosteiro de Mancelos em, Carvalhosa. Paga dele à quinta de Carvalhosa, que é do senhor duque de Guimarães, quatro homens e sempre se pagaram e assim costume lavar as cubas e ajudar a vindimar as vinhas.

Item João Álvares, da Carvalhosa, paga à dita quinta de um casal que traz de Freixo, do dito mosteiro de Freixo, quatro homens. E assim foro a vindimar e lavar as cubas quando o requerem e que sempre se pagou.

Item Gonçalo Pires, da Carvalhosa, paga à dita quinta outros quatro homens e foro de vindimar e lavar as cubas. E isto do casal que traz de Real por prazo do dito abade de Real e de sua Igreja e sempre o pagaram.

Item João Fernandes, da Carvalhosa, traz outro casal de prazo, de Mancelos, de que paga à dita quinta da Carvalhosa outros quatro homens e foro a vindimar e lavar as cubas e que sempre o pagaram por esta guisa.

Item o abade paga um maravedi desta Igreja de S. Romão e sempre o pagou.

Item João Tomé, também de Carvalhosa, paga de dois casais que traz da dita quinta por prazo. Paga deles à dita quinta, que é do dito senhor duque, catorze homens e duzentos e quarenta reais em dinheiro. E do dinheiro soía de pagar duzentos reais e agora paga os duzentos e quarenta reais. E paga mais duas galinhas e quatro alqueires de pão meado e soía pagar somente os ditos duzentos reais e catorze homens o mais lhe acrescentaram.

Item Pero Gonçalves, de Banho, traz um casal de João Gonçalves, banheiro do Porto, por prazo dele, ao senhor da terra, vinte e oito reais. E doutro casal que traz de Diogo Fernandes, de Monte Longo, paga dele ao dito senhor outros vinte e oito reais.

Item Diogo Fernandes, de Monte Longo, disse que trazia o casal do Castelo que disse que era seu e que pagava dele dantes oitenta reais ao senhor da terra e de doze anos a esta parte lhe acrescentaram mais pelas livras que paga agora cento e quarenta e quatro reais.

Item Pedro Afonso, de Banho, traz a quebrada do mosteiro de Ansede de que paga ao senhor da terra dezoito reais, que sempre os pagou somente que dizem que é de montado.

Item Pêro Vaz, de Banho, traz outro casal de Cima de Vila do mosteiro de Mancelos. Paga ao senhor da terra vinte e oito reais”.

Para além da Igreja, no século XVIII havia em Carvalhosa uma capela, a de Nossa Senhora dos Chãos ou da Assunção, junto à Casa de Bustelo, “segura e decente”. A fábrica corria então por conta de José Teixeira da Silveira.

Esta Igreja, datada de 1779, sucedeu a outras duas, de menores dimensões, que haviam sido erguidas nos lugares de Ermida e de Chãos.

Embora o orago (S. Romão) tenha o seu dia a 18 de Novembro, a festa (por tradição, a que não é seguramente alheio o tempo, habitualmente frio) realiza-se no segundo Domingo de Agosto.

BIBLIOGRAFIA

António Carvalho da Costa, Corografia Portuguesa…, 2.ª edição, 3 tomos, Braga, 1868-1869.

Foral de Santa Cruz de Riba Tâmega, Amarante, Câmara Municipal de Amarante, 2008.

Francisco Xavier da Serra Craesbeeck, Memórias ressuscitadas da Província de Entre Douro e Minho no ano de 1726, 2 vols., Ponte de Lima, Edições Carvalhos de Basto, 1992.

José Viriato Capela (e outros), As Freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 – Memórias, História e Património, Braga, 2009.

  1. M. Vieira de Aguiar, Descrição Histórica, Corográfica e Folclórica de Marco de Canaveses, Porto, 1947.